Esta frase, que se repete na música “Me Adora” da cantora Pitty, tem um significado mais profundo do que pode parecer. Se pararmos pra pensar, na dança dos relacionamentos, é isso que tem real valor.
Não desonrar o nome quer dizer ter respeito com o outro e saber que, acima de tudo, está ali um ser humano, com todas as suas virtudes e defeitos, que pode estar passando por fases mais ou menos turbulentas.
Aonde isso tudo quer chegar?
Quando falamos de relações extraconjugais, a primeira coisa que vem à cabeça é que a traição representa o fim de um relacionamento. Esta é uma verdade parcial. Pode representar apenas o fim do relacionamento como o conhecíamos.
Primeiramente, a questão é que o termo traição, aplicado à puladas de cerca, é um conceito forte demais.
Para exemplificar, podemos observar como os povos de língua inglesa se referem a este fenômeno: trair em inglês é “to betray”, mas você nunca vai encontrar esta palavra referindo-se a escapadelas de pessoas comprometidas, para tal, eles usam “to cheat”, que significa enganar, trapacear. “Betray”, ou trair, é muito mais sério.
Vamos supor que sua melhor amiga, casada, está tendo um casinho com um colega do trabalho. Aí você vai lá e conta para o marido dela. Neste caso, sua amiga estava “cheating” o marido e você “betrayed” sua amiga. Deu pra sacar? Para os povos de língua inglesa, trair tem um significado mais profundo e pesado do que uma pulada de cerca.
Talvez isso envolva os conceitos de fidelidade e lealdade. Lealdade é bem mais profundo que fidelidade. Fidelidade é física e estática. Lealdade é abstrata e onipresente.
Motivos mil levam as pessoas a pularem a cerca, mas sabemos bem que isso pode acontecer com qualquer um, de modo casual, sem que a relação seja afetada. Mas, isto só é possível se a lealdade for mantida intacta.
Vamos dizer que você, em um momento delicado de seu relacionamento se interessa por outra pessoa e acaba deixando acontecer, ou, em um rompante de luxúria, vá parar no motel com alguém. Se a coisa ficar no segredo, entre você e a pessoa que compartilhou o momento, você quebrou a fidelidade, “cheated”. Agora, se você sair desfilando com amantes para que o mundo veja, aí sim, você quebrou a lealdade, “betrayed”.
Sabe como é? Só não desonre o meu nome. Seu cônjuge poderá até perdoar se você acabar contando que cometeu um deslize e que se arrependeu e blá blá blá, mas se ficar sabendo por terceiros e perceber que foi o último a saber, aí não tem jeito.
Orgulho ferido dói, mas com platéia, dilacera a alma. Não se brinca com o amor próprio das pessoas.
Ser fiel não significa, necessariamente, ser leal, assim como é possível ser infiel sem ter sido desleal. O livre arbítrio está aí e cada um usa como melhor lhe convir, mas respeito e lealdade nunca devem faltar.
* em co-autoria com Ricardo Flausino