Posts tagged ‘mulheres’

June 28, 2012

O canalha

O canalha não tem jeito mesmo. E nunca terá. Ele é o sociopata do amor. Inspira confiança e expira mentiras. E você, na falta de algo melhor, vai respirando esse ar sedutor. No alto dos seus 1,70m de mulher independente, forte e sedutora, você sempre acha que pode consertá-lo. Esqueça, você está apaixonada e o antídoto para o canalha é o desprezo. O canalha finge que não é um canalha. Posa de bom moço, carente, apaixonado e infeliz. E você acredita ser a salvação dessa alma perdida, depois de tantas desilusões amorosas. O canalha cria uma nova identidade, mas sem registro em cartório. Ele age por instinto, não sabe ser de outra forma. A sedução faz parte da sua sobrevivência emocional. Ele é uma fera e você o prato de comida.

Mas ele tem um jeitinho tão meigo, uma conversa tão bacana, não é mesmo? O canalha é inteligente, sagaz, enigmático e te faz rir. Pronto, o cara perfeito. O único porém é que ele nunca será completamente seu. Amar um canalha é entrega sem devolução. A submissão é ingrata: revolta, mas apaixona. O canalha é o disfarce da conquista, máscara do engano. E é justamente isso que te encanta nele. Ele sorri em versos, fala em melodia e te decifra com os olhos. O canalha parece ter o manual de instruções para seduzir. E faz isso sem nenhuma força. Você consegue ver sensualidade nele caminhando na rua, tomando whisky, acendendo um cigarro e até dirigindo.

O canalha nem bonito é, mas parece ter nascido para desafiar o seu bom gosto. Ele faz você escutar músicas que você nem sabia que existiam, faz você pesquisar textos e frases que traduzam o que você está sentindo. Faz você acordar de manhã e lembrar dele, pelo menos, na hora de passar o perfume.

O canalha não pede, manda. Você adora e depois se odeia. Tenta escapar e horas depois, cai numa armadilha. Mas não fique triste, o canalha é o “teste drive” para qualquer corrida amorosa. É pré-requisito para as provas de amor. Toda mulher precisa de um bom e cruel canalha no seu caminho para encontrar o próprio valor. Somente depois de alguns meses mendigando atenção e se alimentando de mentiras cobertas por uma camada de ilusão, que você vai encontrar a correspondência do seu amor. Não nele, claro. Mas antes do coração achar o endereço certo para se apaixonar, é preciso primeiro ter garantias. É a conquista do chamado amor próprio.

Amar um canalha faz parte da vida, é a construção de si mesma, leitura obrigatória para o vestibular sentimental que vem pela frente. Estar com um canalha é mais do que necessário. É gostoso.

Fonte: http://www.verdadefeminina.com.br/o-canalha/

October 12, 2011

A bunda não prejudica?


Calor, verão, sol e mar e o brasileiro se delicia com as vantagens de se viver em um país tropical. Os corpos se rendem às altas temperaturas e ficam mais expostos. Decote, barriguinha, pernas e a bunda. Ah, a bunda! O caminhar da Garota de Ipanema leva a beleza a outra dimensão no Brasil.

Mas o fato é que isso faz com que haja uma demasiada preocupação com a aparência em detrimento ao intelecto. Eu diria até que a bunda nos prejudica. Não entendeu nada? Vou explicar!

Uma amiga me contou que, dia desses, durante o trabalho, alguns colegas conversavam sobre um assunto curioso: métodos de enrijecimento da musculatura das nádegas! Exercícios, alimentação, cuidados de beleza, e exemplos de portadoras de glúteos privilegiados foram debatidos. E quando não é bunda, é silicone, cabelo, roupas, abdômen…

Essa semana, eu li no portal de um grande conglomerado, a notícia de que um concurso elegerá a brasileira de bumbum mais bonito, com concorrentes dos 27 Estados (leia aqui).

Presente no imaginário desde sempre, trazido à tona nos anos 1980, com o fim da repressão e criação do biquíni ‘fio dental’, o “culto à bunda” atinge seu ápice nos anos 1990, com a massificação do grupo “É o Tchan”, com suas Carlas, Sheilas e Scheilas. Até hoje Carla Perez é referencial de bunda grande e cérebro pequeno.

Desde então, a bunda nunca mais foi vista da mesma forma. Hoje estão aí as mulheres melancia, melão, morango, abóbora, jiló, jaca, e outras frutas mais, que não deixam dúvidas sobre o status da derrière nacional. É a ditadura das popozudas.

Aí vem a questão, o que faz as pessoas se preocuparem tanto com uma parte do corpo? Essa obsessão pela aparência, a busca pelo corpo perfeito, onde começou? Em que momento a aparência se sobrepôs ao caráter quando se fala em ser uma pessoa melhor?

Alguns pontos a serem levados em consideração:

Anúncios, revistas, propagandas, séries, sites, filmes… Tudo vende uma imagem, um padrão de beleza. Padrão este que vem associado diretamente com a idéia de sucesso e felicidade. Se você não tem aquela aparência, não pode ser bem sucedida e feliz.

O consumismo exacerbado leva as pessoas a entenderem tudo como um produto e, como tal, à necessidade de propaganda. Tal qual uma bolsa francesa com assinatura de estilista internacional, um corpo perfeito é garantia de sucesso no mercado.

A grande quantidade de informações e a velocidade com que lidamos com elas. Todos lêem as manchetes e, é bem sabido que, quanto maiores forem as letras, mais lida esta será. Quanto maior e perfeita a bunda for, maior número de ‘cliques’ receberá. O mesmo vale para as redes sociais. O melhor shape garante mais ‘curtir” nas fotos. Ainda que como nas manchetes, a notícia possa ter um sentido completamente distinto.

O individualismo também faz com que se passe a enxergar o outro como extensão do próprio ego de cada um. O outro passa ser apenas um complemento e, é melhor que este seja de causar inveja, afinal de contas, a imagem que se projeta é a que vale.

Inesgotável o assunto, não? O fato é que está na hora de nós meninas decidirmos como queremos ser vistas.

Óbvio que se sentir bonita, desejada, percebida nos faz bem. Mas a que preço?

Estamos vendo se criar mais uma geração de louras burras, mulheres fruta e candidatas a BBB. É isso que queremos para o gênero feminino?

Depois de todas as lutas por igualdade de direitos, oportunidades, posição e, some-se a isso, nossa eterna insatisfação com relação ao machismo e discriminação, por que continuamos a nos submeter a esses padrões e a essa exposição, como se fossemos mercadorias ou pedaços de carne expostos no açougue?

Seremos vistas e tratadas como quisermos ser. Se aceitarmos o papel de objeto que nos é imposto, se deixarmos que nossa valorização seja dada pelo nosso corpo e pela nossa aparência e se colocarmos a bunda no lugar da cabeça, onde vamos chegar?

E vocês, homens, enquanto escolherem as mulheres que estarão ao seu lado à longo prazo pela bunda, me desculpem mas, como diz o ditado, vocês merecem relacionamentos de merda.

Tá na hora de nós mulheres acordarmos e assumirmos a responsabilidade pela pressão que nos é imposta. Como dizia Ghandi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Edição e colaboração Ricardo Flausino. (Crônicas do Absurdo)

August 31, 2011

Mentiras sinceras

A revista Super Interessante de agosto/2011, traz uma edição especial sobre comportamento humano entitulada “A ciência da mentira – um guia para entender lorotas, cascatas e outros escorregões da mente humana” (Saiba mais).

A reportagem defende que, em algumas ocasiões, mentir não só é necessário, como pode ser questão de vida ou morte. Ressalta que todos mentem e que diversas espécies, na natureza, recorrem a subterfúgios enganosos para garantir seu sucesso na luta pela sobrevivência.

Todo mundo mente em alguma hora. Pais mentem para filhos, funcionários para o chefe, cônjuges para parceiros… A verdade dói às vezes. Então uma mentirinha pode aliviar a barra. Na vida social, mais vale manter as boas relações do que ser honesto.

Mesmo assim, mentirosos ainda são muito mal vistos em nossa sociedade. Falta de espelhos, talvez?

Mas o que me chamou a atenção na matéria e me inspirou neste post, foram as diferenças entre as mentiras das meninas e dos meninos.

Primeiro fato interessante: os homens mentem, em média, o dobro das mulheres. São 6 lorotas diárias contra 3 do público feminino.

Nós, mulheres, tendemos a mentir para fazer os outros se sentirem bem e para evitar coisas ou situações que consideremos impróprias ou desagradáveis. Mentimos sobre orgasmos no “foi bom pra você”, inventamos dores de cabeça, negamos até a morte termos mexido nas coisas de nossos namoridos, e jamais, jamais jogamos fora nada deles, nem aquela horrorosa cueca furada de estimação.

Não surpreende que a mentira nº1 das meninas seja sobre o número de parceiros sexuais durante a vida. A “rodagem” das moças ainda assombra a mente machista de nossos meninos. Chocante é saber que 27% delas mente sobre a paternidade de seus filhos!!!

E os meninos, por que mentem?

Oras, pelo mesmo motivo que se esforçam a ganhar dinheiro, compram carrões, vão à academia… sexo, sexo, sexo!!! Sexo e suas implicações. São em sua grande maioria pequenas lorotas que têm como finalidade ludibriar incautas para arrastá-las à alcova, engambelar a titular quando tem outra na jogada e impressionar os amigos com seus feitos mirabolantes.

Não é surpresa que os homens sempre mintam quando acreditam que o castigo por contarem a verdade será tão pior quanto se forem descobertos mentindo. Se colar, beleza. Se não, a verdade já ia doer, mesmo… Aí ouvimos “ela é só minha amiga”, “claro que eu nunca te traí”, “tomei só um choppinho e vim embora”, “imagine, não está gorda não!”. Relativamente perdoável, não acham?

Sejam quais forem os motivos que levam homens e mulheres a mentirem, a verdade é que, mentir, muito mais que uma falha de caráter, é uma questão de sobrevivência. Sem a mentira, certamente a vida em sociedade sofreria um colapso. Quem é sincero o tempo todo maltrata, ofende e não é querido.

E para entender isso, basta que você, caro leitor, se imagine falando a verdade sobre tudo o que pensa para todas as pessoas que conhece. Sobraria alguém ao seu lado?

Edição e revisão Ricardo Flausino, autor do blog Crônicas do Absurdo