Archive for May, 2012

May 25, 2012

Sobre a necessidade de controle

”Há quem não veja a onda onde ela está
E nada contra o rio
Todas as formas de se controlar alguém
Só trazem um amor vazio”.

Em seu sentido denotativo, a palavra controle significa ter domínio total sobre algo ou alguém.

Ninguém gosta de se sentir controlado, certo? Mas ninguém gosta, tampouco, de perder totalmente o controle.

É curioso observar que as mesmas pessoas que freqüentemente reclamam do tédio e da rotina do dia a dia, quando tem a oportunidade de mudar, optam pelo óbvio e seguro. Tentam racionalizar tudo para não perder o controle. Dificilmente conseguirão optar por uma situação nova que estará além de seu poder de controle.

Tememos tudo o que não conseguimos controlar. Isso é fato. Por isso pessoas desistem de propostas de trabalho num país desconhecido, se afastam  prontamente de alguém quando se percebem apaixonadas, desistem de cursos/ atividades que não dominam totalmente etc. Sempre que surge uma situação em que o controle exercido é mínimo, ou nenhum, o medo surge e, muitas vezes, paralisa. É natural. Até que se torna patológico. Não se permitir viver espontaneamente hoje produz, amanhã, pessoas amargas e ressentidas com a vida.

Nos relacionamentos entre homens e mulheres não é diferente.

Pessoas muito inseguras, com dificuldades em interagir ou indivíduos com alguns tipos de transtornos de comportamento, sociopatias e psicopatias, regularmente optam por se relacionar com indivíduos a quem possam controlar facilmente.

Baixa auto estima, carência afetiva, insegurança, inferioridade intelectual, ingenuidade e boa fé, são algumas das características que tornam a pessoa uma vítima potencial . São utilizados mecanismos como chantagem emocional, sentimento de culpa e medo do abandono para mantê-las sob controle.

Freqüentemente, pessoas assim levam uma vida dupla. Na frente de seu/sua parceiro(a) fingem ser virtuosos, bons/ boas moços(as), se esforçam para agradar e demonstrar qualidades e virtudes forjadas cuidadosamente. Fica muito mais fácil persuadir o outro a acreditar e confiar. Tudo pela manutenção de sua aparência e reputação.

“Quando você ama uma mulher, quer que ela só pense bem de você. Naturalmente você esconde algumas coisas sobre si, coisas que poderiam mostrá-lo sob um ângulo desfavorável”. Josef Breuer

Já quando longe dos olhos de seus eleitos, mentem, omitem, traem, manipulam, magoam. Sem pensar duas vezes, sem remorso. Usam as pessoas em benefício próprio sem sombra de consciência. E, se ao se perceber lesada, a cobrar algo desse tipo de pessoa, suas garras, a agressividade, a intimidação, física ou intelectual, aparecem para tentar controlar essa situação também. Damage control.

E tem gente que faz isso sem perceber. Esses desvios de personalidade são tão inerentes e intrínsecos, que o indivíduo sequer se dá conta do mal que causa ao outro. Nunca se relacionam por muito tempo com pessoas que considerem iguais, equivalentes. Que sejam seguras, perspicazes, percebam suas manobras manipulativas e as contestem. Porque o risco de perder o controle da situação é muito alto. E  a possibilidade de serem desmascarados, iminente. Quem não pode bancar o blefe, não dá all in, náo é mesmo?

Em um relacionamento amoroso, em menor ou maior grau, sempre tem alguém que controla e outro que se deixa controlar. Ainda que esses papeis sejam constantemente invertidos. Porém, se anular em prol do outro gera frustração. E a conta no futuro será bem alta.

Para não se permitir ser envolvido por pessoas assim, é necessário manter os sentidos bem alertas para enxergar os sinais, para perceber quando se está promovendo mudanças e abrindo mão do que se é e do que se gosta por opção própria ou apenas para fazer as vontades do outro.

Como dizia Nietzsche, cada indivíduo nasceu para se tornar quem ele é. Personalidade forte e opiniões próprias são passos importantes para completar esse processo.

As pessoas vivem bradando que são livres para escolher o que quiserem, que podem fazer o que bem entendem. O livre arbítrio é considerado valioso.

Mas a verdade é que isso tudo é uma grande utopia, pois somos escravos de nossas decisões na medida em que sofremos as conseqüências de cada uma delas. A consciência disso faz com que os mais inseguros sempre escolham os caminhos, situações e pessoas que possam controlar com maior facilidade. Não vivem plenamente e nem permitem que os outros o façam.

A escolha é de cada um de nós. A vida passa rápido. Você vai caminhar para ser quem realmente é, ou prefere ser uma marionete de alguém?

Que graça tem se relacionar com alguém se você não puder ser você mesmo ao lado dela? Discordar, ter opiniões próprias, mostrar suas reais qualidades e defeitos. Se isso não for possível, prefiro ficar só. Jamais me submeteria a ninguém. Questão de personalidade. Lealdade para consigo. E ponto.

May 17, 2012

“São aqueles que se recusam a abrir portas das quais têm as chaves. Recusam-se até a admitir que possuem estas chaves.

Mais triste ainda quando abrem a porta, conseguem ver o mundo e preferem voltar para dentro por medo de terem que ser pessoas reais”.

Crônicas do Absurdo

Toda porta tem sua chave. Ainda que seu paradeiro seja secreto, há sempre uma possibilidade, sempre há uma esperança. Nada permanece trancado para sempre. Um dia alguém encontra as chaves e descobre o que há do outro lado. Às vezes se surpreende, às vezes se decepciona, ou até, encontra nada mais do que já esperava. A curiosidade, porém por ver a porta trancada é insuportável. Por vezes, nem sequer o buraco da fechadura deixa transparecer um pequeno relance do que se passa no interior. Daí o impulso pela descoberta.
Derrubar a porta à força pode destruir o cenário do outro lado, ou espantar as criaturas que vivem atrás dela, não é prudente fazer isso. Por isso a grande mola mestra da existência é a busca por chaves que nos permitam abrir as portas. Quisera ter a chave mestra que permitiria saber de tudo, conhecer todos os lugares e todos os…

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May 15, 2012

As pessoas que sofrem com o amor

“O sofrimento é significativamente aumentado pela consciência que tem a pessoa que sofre de seu problema, ou seja, ela sabe que não deveria estar amando a pessoa problemática, mas, ao mesmo tempo, não consegue deixá-la, ou deixar de amá-la.
Diante da impotência de deixar quem a faz sofrer, a pessoa recorre a alguns mecanismos de defesa do Ego, principalmente a negação, onde o problema é sistematicamente negado.
Ou ainda à racionalização, onde passa a argumentar que a pessoa irá, sem dúvida, melhorar com o amor e carinho que recebe, que fora os momentos de crise a pessoa é ótima etc.
No fundo essa pessoa sofredora sabe que nenhum dos dois mecanismos de defesa são verdadeiros, mas alivia a sensação de culpa ou impotência acreditar neles.
Em muitos casos, quem vive com a pessoa portadora de Amor Patológico ou outro transtorno capaz de produzir sofrimento e não consegue desvencilhar-se desse relacionamento, é também portadora de alguma dificuldade emocional.
Trata-se da chamada codependência. Codependência é um transtorno emocional definido e conceituado por volta das décadas de 70 e 80, relacionada aos familiares dos dependentes químicos, alcoólatras e mesmo com transtornos patológicos relacionados a jogos ou outros problemas sérios de personalidade.
Codependentes são pessoas que vivem em função da pessoa problemática, fazendo desta tutela obsessiva a razão de suas vidas, sentindo-se úteis e com objetivos apenas quando estão interagindo com a pessoa problemática.
As pessoas codependentes têm baixa auto-estima, intensos sentimentos de culpa e não conseguem se desvencilhar do relacionamento complicado.
O que parece ficar claro é que pessoas codependentes vivem tentando ajudar a outra pessoa, esquecendo, na maior parte do tempo, de cuidar de sua própria vida, auto-anulando sua própria pessoa em função do outro e dos comportamentos insanos desse outro.
Essa atitude patológica costuma acometer mães (e pais), esposas (e maridos) e namoradas(os) de portadores de Amor Patológico, Alcoólatras, Dependentes Químicos, Jogadores Compulsivos, alguns Sociopatas etc.
O Amor Patológico, por sua vez, é predominante em mulheres e se caracteriza pela excessiva desconfiança e possessividade, em geral decorrentes de baixa auto-estima”.

Fonte

May 5, 2012

What about love?

Tudo começou com essa imagem:

Seguida por alguns comentários de uma amiga querida: “Menos que ‘de verdade’ não tá valendo” e “Mote da terapia amanhã: eu amo como as crianças”.

Pronto. Mente inquieta mode on.

Amor.

Afinal, o que é esse sentimento que faz com que nos importemos tanto com uma pessoa, a ponto de suas tristezas ou alegrias, nos causarem as mesmas emoções? De sua ausência nos trazer tristeza e desolação?

A verdade é que existem muitos tipos de amor. Amamos as pessoas de maneiras e em intensidades diferentes.

Uma pessoa que acabamos de conhecer pode ser amável. Pode nos inspirar tanta confiança e carinho a ponto de não querermos deixá-la mais se afastar muito.

Pessoas que povoam o seu dia a dia podem ser amadas. Pelo gesto gentil. Pelo sorriso caloroso. Pela cumplicidade no olhar. Não é preciso muito para que isso ocorra.

Tem as pessoas com quem nos identificamos. Porque tem características similares às nossas ou porque se encontram em situações pelas quais já passamos. A essas, nós amamos um pouquinho mais a cada troca de experiências.

Tem as pessoas que nos foram concedidas pela vida como bençãos ou desafios. Nossa família. Aqueles a quem amamos mesmo quando odiamos. Mesmo quando não concordamos com o que fazem. Mesmo quando eles não merecem ser amados.

O mesmo ocorre com os amigos de verdade. Se aceitam como são e, principalmente, se amam pelo que são. Podem passar muito tempo sem se falar, mas quando se encontram, é como se não tivesse passado nem um segundo. São a família que nós escolhemos. E lutamos para manter.

Tem o ‘amor romântico’. Aquele que começa como um frio na barriga, culmina em um desejo incontrolável e se transforma numa necessidade, num vício tão grande, que nos motiva a fazer as maiores e melhores loucuras da vida para estar ao lado daquela pessoa. Para fazê-la feliz. E que, mesmo depois de desgastado e cansado, ainda encontra motivos para ficar.

Tem o amor que dói. Aquele que se perdeu. Aquele que não se viveu completamente. Aquele que não foi correspondido. O que não existiu de verdade. Esses são difíceis de superar. De esquecer. Mas são os que nos ensinam o valor do verdadeiro. A importância da humildade. A necessidade do tempo certo.

Podemos confundir todos esses tipos de amor e, muitas vezes, darmos o amor errado à pessoa certa. Ou o amor certo para a pessoa errada.

Podemos sentir vários tipos de amor pela mesma pessoa. Dependendo da fase da vida. Da sintonia. Do ponto de vista. As pessoas mudam, nós mudamos, as coisas mudam. Por que o amor não mudaria?

Podemos deixar de sentir qualquer amor. Assim como podemos projetar sentimentos, auto-infligir emoções, também podemos causar um distanciamento emocional tamanho, de uma pessoa, situação ou cenário,  que, coisas que deveriam nos afetar profundamente, não causam qualquer reação. A morte de uma pessoa próxima, um rompimento, uma grande perda. A mente é poderosa, e pode sim controlar todo o restante do corpo e do espírito.

Mas, eu penso, a que preço? Que tipo de cicatrizes serão causadas no espírito nessa tentativa de parar de sentir o que é natural e intuitivo?

Por que ter emoções se tornou uma fraqueza no mundo atual? Uma vergonha?

Por que as pessoas se esforçam tanto para pensar racionalmente em vez de seguir seu coração, sua intuição?

Quando adultos admiramos a pureza e a sinceridade das crianças. Desejamos que todos sejam assim em suas relações. Autênticos e verdadeiros.

Mas desprezamos, isolamos e zombamos das pessoas que  demonstram essas qualidades. Os chamamos de imaturos. Infantis. Loucos…

Quando o mundo vai entender que a solução está em amar como as crianças? Sem reservas. Sem medo. Sem intenções. Amar simplesmente porque o amor nos torna mais felizes. E mais leves. E pessoas melhores.

E isso, só isso, já basta.

May 3, 2012

Não quero mais nada

“Eu não quero respostas. Não mais.

Não quero que você volte atrás, nem quero que diga que se arrependa. Não tem nada mais para ser dito e nem discutido.

Você pediu por isso, insistiu por isso, implorou por isso. Pra que eu desistisse, pra que eu fosse embora.

No seu lugar, eu também não teria insistido muito. Mas no meu lugar, qualquer um teria desistido.

Eu não, eu fiquei do seu lado. Eu me importei quando ninguém se importava. Eu entendi a sua tristeza, eu compreendi o seu silêncio. Eu entendi tudo. Eu me coloquei em segundo lugar, só pra deixar você em primeiro.

Eu passei a amar menos as pessoas, pra poder te amar mais.

E em todo lugar que eu ia, eu queria estar com você. Eu deixei todas as pessoas do mundo por você. Porque eu achava que você valia mais do que todas as pessoas do mundo juntas. Eu achava que você era tudo.

Mas olha só agora, olhe hoje por exemplo.

Eu não quero nem respostas. Não quero mais nada, nem exijo mais nada. De todas as coisas do mundo, eu só queria que você tivesse me entendido.

Queria que tivesse ficado, sabe? Queria que você não tivesse desistido, e que não tivesse me obrigado a desistir também.

Eu queria muita coisa. Eu quis muita coisa. Hoje não, hoje eu não quero nada. Não quero mais”.

Robin and Stubb.